Existe muita controvérsia sobre esse assunto, até que ponto, e de que forma competir no futebol é importante para o desenvolvimento de crianças e jovens.
Acredito que ela é uma ferramenta importante de desenvolvimento desde que tenham objetivos bem definidos e formas lúdicas para desenvolvê-la principalmente em idades iniciais, pois, caso não seja, pode ser um agente de exclusão do esporte.
A realidade é que atualmente temos cada vez mais competições para o público infantil, o grande problema é que elas são, em grande parte, réplicas ou adaptações mais ou menos irrelevantes em relação às necessidades exigidas para o desenvolvimento deste público jovem.
Vou dar um exemplo, quantos jogos, torneios e competições de futebol com crianças e jovens são facilmente presenciados nos campos, porém não adequados na minha concepção. Imagine um jogo de futebol 11 com crianças de 6-7-8-9 anos, nesse tamanho de campo oficial praticamente as crianças apenas correm longas distâncias e realizam poucas ações com a bola.
Desculpe, mas isto não é futebol. Isso pode ser atletismo ou outra modalidade, como formar jogador se as crianças passam pouco tempo com a bola? Nesse caso, um campo adaptado em dimensões menores teria muito mais fundamentos, e é por isso que muitos definem o futsal como a base para o futebol.
Enquanto que numa partida de futebol, nessas idades, as crianças tocam pouco na bola e correm muito, no futsal elas estão sempre próximas da ação. Isso não significa que apenas o futsal é importante, mas com adaptações significativas o futebol consegue grandes resultados também, não podemos achar que reproduzir para crianças o esporte de adultos está correto.
Mas a competição é fundamental para a formação, as crianças e jovens são muito competitivos, faz parte do desenvolvimento deles, e como em tudo, os estímulos adequados nas idades corretas ajudam a formar e desenvolvê-los, não só para o esporte, mas também para a vida toda.
Adroaldo Gaya, estudioso do treinamento com crianças afirma que:” Uma valorização excessiva dos resultados na competição terá inevitavelmente como consequência, um aumento inapropriado do volume e intensidade das cargas e uma rápida especialização dos exercícios e métodos de treino, o que prejudica a formação. Mas a competição não é prejudicial à formação e educação da criança. Bem pelo contrário, desde que utilizada adequadamente”.
Não apenas o tamanho de campo é prejudicial, regras punitivas ao invés de educativas também atrapalham, imagina expulsar uma criança de 6 anos por falta, mão na bola e outras infrações. Não seria mais interessante o árbitro conversar de porque a criança precisaria evitar esses atos?
Outro fator, a exigência que se coloca nas crianças pelos resultados, atitudes e vitórias. São pressões desnecessárias e prejudiciais para o entendimento das crianças enquanto estão se desenvolvendo numa pequena sociedade que é a equipe esportiva e a relação com seus adversários, comissão e torcida. São pressões geradas por profissionais do esporte, pais e torcida que só atrapalham esse desenvolvimento.
O futebol é um jogo de cooperação, oposição e com muita competitividade. São valores importantes de serem desenvolvidos nas idades certas, então a competição realmente é uma fantástica ferramenta de desenvolvimento e evolução destas crianças e jovens. Aprender regras, vencer, perder, ajudar, ser ajudado e principalmente se divertir com isso.
Portanto, como em todo o processo de formação, a competição é fundamental, mas o conhecimento de como fazer é o que ajudará no desenvolvimento destes jovens ou não.
Abraço!!!
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* Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do FUT.SC |
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